O facho de luz em tuas mãos, só terá utilidade se o usares
para espantar as trevas.
O que souberes, só será sabedoria quando o levares aos que
não sabem.
O que tiveres só terá valor real, não quando o guardares
para ti, mas quando, de qualquer modo, outros participarem do que tenhas.
O perdão que pedires, valerá para que sejas humilde, o
perdão que concederes, levantará aquele que se humilhou para pedir-te.
Quando teus ouvidos não se abrirem, para o que te seja dito,
não merecerás as palavras que tua boca souber dizer.
Se existes, te diminuis, se coexistes, te multiplicas, por
quantos aqueles que de teu viver participarem.
Se não matasse a sede, a água do rio, clara e cristalina,
não valeria mais que a água paludosa do pântano.
O crocitar do corvo quando nos previne do perigo, é melodia
a que devemos mais atenção, do que aos gorjeios do pássaro que nos envolve em
poesia e ternura.
Se acordas no meio da noite, poderás aproveitar o intervalo
para pensar e refletir. Se dormes no meio do dia, não recuperarás o tempo que
terás perdido.
Enxuga a lágrima de teu irmão, com o sorriso de tua presença
amiga.
Quem vive para os outros, não precisa ressuscitar, pois já
vive para sempre.
Mantém-te simples: Verás que isso te exige prodígios. Só
chegarás ao céu, quando o levares a quem o espera no purgatório.
Transmite coisas eternas, as que passam vão-se com o
esquecimento. Não é o valor que te atribuis, porém o que distribuis, que dá a dimensão
do que realmente vales.
Tu plantarás sementes da eternidade, no campo sem fim da
alma, vê, pois, a importância de tua semeadura, à qual nenhuma outra poderá
superar...
Se não ensinares o infinito, o que transmitires se perderá, tão logo cesse o som de tuas palavras, ou passe
a memória do que disseste...
(Rhámar l'Húmistan)
Tradução de José Wanderley Dias
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