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RESENHA: Do Escravismo Colonial ao Trabalho Forçado Atual


Depois que cursei a matéria de Direito Trabalhista em meu curso de pós-graduação em Direito Contratual, onde tivemos a oportunidade de discutir vários aspectos dos contratos de trabalho; resolvi fazer uma rápida pesquisa acerca do trabalho escravo no Brasil.

Uma das referências que encontrei foi o excelente livro de Cristiane de Melo Mattos Sabino Gazola Silva intitulado Do Escravismo Colonial ao Trabalho Forçado Atual editado pela Editora LTR, 2009.

Nesta obra curta, mais cheio de significado, nos fornece informações sobre  questões atuais do trabalho no Brasil.

A obra é dividi em 3 partes: Noções históricas e jurídicas, o trabalho forçado atual e políticas de combate ao trabalho forçado e reinserção social dos trabalhadores.

É uma obra que esclarece as relações de trabalho que ainda são ignoradas em várias partes desse nosso Brasil. O livro apresenta uma realidade atual que está bem longe de ser resolvida como é a questão do trabalho servil.

A autora não se limita apenas a fazer denuncias de abuso de contratos de trabalho forjados que servem apenas para atrair trabalhadores desesperados por oportunidades de trabalho, mas quando chegam ao local de trabalho as condições são totalmente adversas.

Enganam-se os que acreditam que este tipo de aliciamento de trabalhadores é coisa do passado (não remoto) do Brasil. Que é coisa das reportagens de liberação de trabalhadores rurais no interior do Brasil por volta dos anos de 1980 e 1990.

Ainda hoje, as metrópoles mascaram uma série de trabalhadores em condições sub-humanas de trabalho. Pessoas que tem despojadas de si  todas as garantias trabalhistas mínimas. São tecelagens, confecções clandestinas que não apenas empregam brasileiros, mas também estrangeiros como bolivianos e peruanos que buscam em nosso país uma oportunidade de vida melhor do que em seus países. Ledo engano.
Esta obra nos permite refletir sobre o caráter dos contratos de trabalhos e da importância de se fazer garantir as condições mínimas exigidas por Lei para que as pessoas possam ter garantida sua dignidade em suas relações de trabalho.

Àqueles que apregoam um relaxamento das implicações das leis trabalhistas em nosso país, deveria ler este pequeno livro e repensar a bandeira que defende. Pois se nas atuais condições com uma Lei rígida – na opinião destes arautos que não tem ciência das reais condições dos trabalhadores menos providos de instrução e acesso ao Direito – encontramos ainda, em nosso meio,  condições de trabalho forçado e de trabalho em condições servis, se deixarmos de lado a Lei e contarmos apenas com a relação empregado/empregador, certamente os empregados estarão em franca e larga desvantagem com relação aos seus direitos, não de trabalho, mas de dignidade da pessoa humana.

A obra de Cristiane Gazola Silva é daquelas obras que faz com que a gente repense nossas estratégias e considerações com relação às relações de trabalho.

Mais do que nunca o contrato de trabalho precisa da tutela efetiva do Estado através de Leis que possam garantir que este indivíduo que precisa vender sua força de trabalho para dar manutenção à sua vida e a de sua família, o possa fazer com o mínimo de garantias e respeito pela pessoa humana.

Boa leitura a todos.

Comentários

Paulo Sousa disse…
E tem gente que acha que esse tipo de coisa acontece somente com o trabalho braçal.

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